Redes sociais ajudam na captação de talentos
Por Patrícia Bispo
Os avanços tecnológicos são incorporados pelas mais variadas vertentes que compreendem uma organização. Como a área de Recursos Humanos não poderia ser diferente, afinal é preciso ficar atento às inovações do mercado. Um fato relevante já passou a fazer parte do dia a dia do RH – as redes sociais, que podem ser compreendidas como grupos de pessoas interligadas através de diversas relações sociais que podem ir do conhecimento casual às relações profissionais ou familiares. Graças à internet, por exemplo, redes sociais como o Facebook e o LinkedIn permitem que as empresas localizem profissionais com o perfil de tanto desejam para integrarem seus times.
Em entrevista concedida ao RH.com.br, Elvira Berni, sócia-diretora da People on Time Consultoria, afirma que a tecnologia mudou definitivamente a vida de quem atua em Recursos Humanos. “O profissional de RH teve a oportunidade de aperfeiçoar seu trabalho. As redes sociais, por exemplo, foram incorporadas ao dia a dia como mais uma fonte de recrutamento e de informações sobre os candidatos que disputam as vagas”, exemplifica. Contudo, ela alerta que esse recurso pode revelar algumas aptidões e até comportamentos do candidato, mas não é a única fonte e tampouco pode ser determinante para um processo seletivo.
Confira a entrevista na íntegra e veja até que ponto as redes sociais “invadiram” a vida de quem busca uma oportunidade no mercado, bem como daqueles que sempre vão à busca de talentos.
RH.com.br – Quais foram os benefícios mais significativos que as redes sociais trouxeram para os processos de recrutamento e seleção? Elvira Berni – Destacariam principalmente a rapidez de acesso a grandes grupos e assertividade nas ações, e isso favorece o processo. Mas, nem tudo são rosas, pelo contrário. Quando se utiliza as redes sociais nos processos de recrutamento e seleção existe um lado preocupante, o feedback dos participantes é rápido e, às vezes, complicado porque torna-se público. Ou seja, ficam bastante expostas as reclamações, as críticas feitas por alguns candidatos e isso pode causar constrangimentos para a empresa contratante.
RH – E quais os pontos que ainda merecem muita atenção, quando as redes sociais são envolvidas na contratação de novos talentos? Elvira Berni – As informações postadas no Facebook, por exemplo, não podem ser claramente utilizadas em um processo de seleção, pois o candidato não as colocou naquele espaço virtual com esse propósito, mas sim com o intuito de compartilhar momentos de sua vida com os amigos. Sendo assim, às vezes, acontece que o recrutador elimina um candidato da seleção por informações obtidas através dessa rede social. Neste caso além de não poder divulgar os motivos de reprovação – por estarem sendo consideradas informações que não foram entregues com essa finalidade – pode estar concluindo errado, pois o selecionador está misturando aspectos da vida pessoal com a vida profissional do candidato.
RH – Normalmente, qual o perfil do profissional que se busca através das redes sociais?
Elvira Berni – Geralmente é o profissional jovem, com nível educacional variado, de diversas profissões. Estudantes também são o foco dos recrutadores via redes sociais.
RH – Os profissionais mais experientes também estão sendo beneficiados pelas redes sociais, quais se fala na contratação de talentos? Elvira Berni – Sim, só que neste caso o foco são as redes profissionais como o LinkedIn, porque é basicamente voltada para o mercado de trabalho, onde o currículo torna-se essencial, com as experiências profissionais e a escolaridade. Muitas empresas estão buscando profissionais pelo LinkedIn, onde é possível, através das informações nela contida, recrutar e ou selecionar profissionais com experiências em setores similares ou correspondentes ao que a empresa procura.
RH – Da mesma forma que as redes sociais promovem o lado positivo de um profissional, elas podem ser utilizadas para que se descubra algum fator que elimine uma pessoa de uma seleção. Isso acontece com frequência ou é apenas um alarme que não deve ser levado tão a sério?
Elvira Berni – Ocorre com frequência para processos de vagas avulsas. Devemos lembrar que há pessoas que utilizam as redes sociais apenas para fins de lazer. Muitas postam perfis imaginários, na maior brincadeira, outras não o atualizam com frequência – o que não significa, por exemplo, que sejam displicentes. Há ainda aqueles que não possuem perfil em sites de relacionamentos e não podem ser descartados do processo. Vale lembrar que em processos de massa – estagiários e trainees – é difícil avaliar com base através do perfil do Facebook, porque é muito grande o número de candidatos envolvidos, sendo impossível analisar um a um.
RH – A senhora realizaria uma entrevista com o candidato, via webcam, para tirar dúvidas ou acrescentar informações sobre de alguém que participa de um processo de R&S?
Elvira Berni – As entrevistas por webcam são uma prática rotineira da consultoria em que atuo. Tanto em função da dispersão geográfica como para simplificar dificuldades de agenda versus tempo de deslocamento. Sendo assim essa inovação nos trouxe uma facilidade que não podemos descartar, mas evitamos realizar todo o processo à distância, porque precisamos analisar o candidato pessoalmente. O comportamento do candidato pode variar entre uma entrevista via webcam e pessoalmente o que torna o contato pessoal sempre relevante.
RH – Em que situações o uso das redes sociais é indicado para a realização de uma seleção?
Elvira Berni – Para divulgar oportunidades, novos processos seletivos, descrição de vagas, salários e perfil de candidatos requisitados. Essas são as situações mais recomendadas.
RH – E em qual momento, a senhora não utilizaria de forma alguma o recurso das redes sociais para contratar um profissional?
Elvira Berni – Não vemos restrição de uso, mas sim o cuidado com o aspecto jurídico. Ao consultarmos o perfil de um candidato pelo Facebook para fins profissionais, mas sem autorização do mesmo podemos sofrer consequências legais, sermos questionado na Justiça pelo próprio candidato.
RH – O uso das redes sociais mudou significativamente o comportamento dos candidatos e dos selecionadores?
Elvira Berni – Eu diria que se tornou mais uma ferramenta. É comum antes de agendar uma entrevista, checarmos o perfil no Facebook tanto para seleção de candidatos quanto de fornecedores, pois ajuda a traçar um perfil de acordo com o interesse das empresas contratantes. Dessa forma, buscamos selecionar os candidatos que, inicialmente, melhor atendam ao perfil exigido para a vaga.
RH – No mercado brasileiro, as redes sociais já possuem raízes na cultura das grandes organizações que buscam talentos diferenciados?
Elvira Berni – As redes sociais foram muito bem absorvidas pela camada jovem da população da maioria das categorias profissionais. Para muitas categorias, no entanto, essa é uma prática proibida como, por exemplo, ocorrem com os juízes, os promotores, os procuradores ou mesmo os advogados. Nestes casos, a exposição do profissional é mal vista e, eventualmente, perigosa para a própria segurança desses profissionais. Assim, tenho dúvidas o quanto as redes sociais já fazerem parte da cultura de uma empresa inequívoca. Volto a repetir que certamente é mais uma ferramenta para o processo, no entanto, só mais na frente poderemos avaliar sua funcionalidade e eficácia.
RH – Que ponderações a senhora faria a uma empresa que pretende recorrer às redes sociais para fortalecer os times?
Elvira Berni – Eu destacaria dois pontos. O primeiro é o cuidado com a questão jurídica envolvida e outro é a atenção ao modismo e ao preconceito. Não podemos discriminar quem não adere às redes sociais, pois apesar de ser uma prática para muitos, nem sempre os bons profissionais ou aqueles que se encaixam em determinados perfis estão nas redes sociais. Sendo assim, não podemos excluir aqueles que não estão nas redes sociais e tampouco aceitar como verdadeiras todas as informações contidas no perfil de cada um, entre outros.
Fonte: RH.com.br
Postado em: 13 nov 2012 com 0 comentários e 6.925 visitasComentários para este post.
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